O trauma continua falando, mas minha voz agora está mais alta

O trauma continua falando, mas minha voz agora está mais alta

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“Abaixe o volume da sua voz interior negativa e crie uma voz interior estimulante para ocupar o seu lugar.” ~Beverly Engel

Depois que o abuso acaba, as pessoas pensam que a dor também acaba. Mas o que ninguém lhe conta é que às vezes a voz mais alta não é mais a do agressor – é aquela que se instala dentro de você.

Ele sussurra:

“Você está quebrado.”

“Você está acostumado.”

“Você não merece coisa melhor.”

E com o tempo, essa voz não apenas sussurra. Torna-se o ritmo dos seus pensamentos, a lente através da qual você se vê.

É isso que quero dizer quando digo que o trauma continua falando.

Vivendo com o Eco

Nos meses que se seguiram à minha agressão, não tive palavras para descrever o que estava sentindo. Eu simplesmente sabia que cada escolha que fiz parecia vir de um local danificado.

Eu me encontrei em situações que pareciam estranhamente familiares – deixar as pessoas me usarem, deixar as mãos vagarem sem questionar. Eu não estava dizendo “sim” porque queria; Eu estava dizendo isso porque uma voz interior já havia decidido que eu não valia mais.

E para qualquer um que assistisse de fora, poderia parecer que fui imprudente. Mas por dentro, eu estava apenas cansado. Cansado de lutar contra uma voz que parecia mais alta que a minha.

Por que ficamos presos

O trauma tem esse jeito de reescrever o roteiro em nossas cabeças.

Isso nos convence de que não somos mais a mesma pessoa, que estamos contaminados de forma irreparável. E porque acreditamos nisso, continuamos escolhendo situações que provam que a voz está certa.

Não é que queiramos continuar nos machucando. É que a parte de nós que sabe que merecemos o melhor fica enterrada sob camadas de dor e autoculpa.

Lembro-me de uma vez ter pensado: “Qual é o sentido de dizer não?” Eu senti como se já tivesse perdido o direito de estabelecer limites.

Olhando para trás agora, percebo que não fui eu quem falou. Isso foi um trauma – ainda sob controle.

O ponto de viragem

Para mim, as coisas não mudaram da noite para o dia. Não houve um único momento em que acordei curado. Mas houve um momento em que cansei de perder para aquela voz.

Lembro-me de me olhar no espelho e perceber: “Se eu continuar assim, o abuso vencerá para sempre – mesmo sem ele aqui”.

Essa constatação não silenciou o trauma, mas me deu um motivo para revidar.

Comecei a fazer coisas pequenas, quase invisíveis, para me recuperar:

Dizer “não” mesmo quando minha voz tremia.

Escolher uma pessoa segura para contar a verdade.

Permitindo-me parar – fazer uma pausa – antes de entrar em outro ciclo que me machucaria.

Cada uma dessas escolhas parecia incrivelmente difícil na época. Mas a cada pausa, a cada “não”, a voz do trauma ficava mais baixa.

A cura é um processo, não um estalo

Eu costumava pensar que curar significava acordar um dia e não sentir nada.

Agora sei que curar significa aprender a falar mais alto que o trauma.

Significa escolher – repetidamente – acreditar em uma história diferente sobre você.

Se é aqui que você está – se o trauma ainda está falando e você se sente impotente para calá-lo – preciso que você saiba uma coisa:

Você pode parar. Você pode fazer uma pausa. Você pode se virar.

Não para mais ninguém – para você. Para sua paz. Sua sanidade. Sua cura.

O que eu quero que você lembre

Não vou insultá-lo dizendo: “Apenas saia dessa”. Não é assim que funciona.

Mas vou lhe dizer que uma pausa, um momento de recuperação, pode mudar tudo.

Não é fácil, eu sei. Mas é possível. E vale a pena.

Você merece algo melhor do que a dor repetida. Você merece ser mais do que aquilo que foi feito com você.

Se você está lendo isso e o trauma ainda está falando, ouça isso de alguém que já passou por isso:

A voz não é você. Você ainda está aqui. E você pode lutar por uma história onde o abuso não vence.

Posso não ter todas as respostas, mas conheço o terreno desta estrada – as paragens, os contratempos, a lenta viragem. E quero caminhar com você, uma escolha melhor de cada vez.

Porque a cura não está fora de alcance. Você apenas precisa começar a falar mais alto que o trauma.



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