Um programa da OPAS, financiado pelo governo canadense, está reduzindo o risco de propagação de doenças e poluição por meio de workshops e melhores políticas públicas
27 de outubro de 2025 (OPAS) — Em resposta à necessidade urgente de melhorar a gestão de resíduos médicos, 13 países da América Latina e do Caribe estão atualizando estratégias e capacidade técnica para gerenciar e descartar com segurança resíduos médicos, como seringas, produtos laboratoriais e biológicos usados e peças eletrônicas.
O programa, implementado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e financiado pelo governo canadense, está construindo uma rede de funcionários de saúde pública imersos na gestão de resíduos médicos. Com o apoio da OPAS, os líderes da saúde pública estão atualizando leis e normas técnicas, investindo em infraestrutura e fortalecendo sistemas de transporte e disposição final por meio de licenciamento adequado, rastreamento e aterros ambientalmente seguros.
Cerca de 70% dos resíduos gerados por hospitais e instalações médicas na América Latina e no Caribe são geridos de forma inadequada, representando um risco para a saúde pública e o meio ambiente. Muitos destes resíduos, que muitas vezes contêm fluidos corporais, são despejados em aterros ou, pior, descartados de forma descuidada e acabam no oceano. A má gestão arrisca a propagação de doenças e polui a água, o ar e o solo.
“A enorme necessidade de gestão de resíduos médicos tornou-se ainda mais gritante quando a pandemia da COVID-19 provocou um aumento dramático na geração de resíduos”, disse Luis Francisco Sánchez Otero, conselheiro regional sobre segurança química na unidade de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas da OPAS. “Com o apoio do Canadá, conseguimos ajudar os países a progredir no desenvolvimento e implementação de melhores estratégias de eliminação.”
Com o apoio da OPAS, cinco dos treze países – Costa Rica, Cuba, República Dominicana, El Salvador e Panamá – já possuem estratégias nacionais. Paralelamente, a OPAS treinou 70 profissionais de saúde da Bolívia, Costa Rica e El Salvador para desenvolver planos de gestão de resíduos desde a geração até a disposição final em unidades de saúde individuais. O Panamá é o próximo e o treinamento começará em breve, segundo o Dr. Sanchez. A OPAS também forneceu à Bolívia apoio técnico para ajudar a atualizar uma lei de gestão de resíduos com 20 anos de existência.
Compartilhando experiências na Colômbia
Em agosto de 2025, a OPAS organizou uma missão de três dias de apuração de fatos e aprendizagem em Medellín, Colômbia, reunindo 21 profissionais de saúde pública de 13 países para estudar e compartilhar melhores práticas na gestão eficiente de resíduos médicos.
O grupo visitou algumas unidades de saúde em Medellín, incluindo postos de saúde básicos e hospitais que prestam cuidados avançados. O workshop promoveu um diálogo estruturado e instou os participantes a identificar e documentar as lacunas na gestão de resíduos médicos nos seus respectivos países.
No itinerário estava o Hospital Pablo Tobón Uribe, espaço com serviços médicos especializados, diagnósticos e métodos de tratamento. Aqui, Herlyn Danilo Vitola, engenheira ambiental, levou o grupo para um passeio pelo hospital para demonstrar como são separados os resíduos biológicos, químicos e comuns.
“O lixo é pesado e a balança captura automaticamente os dados, inclusive de qual andar o lixo veio”, disse. “Assim, o hospital sabe, por exemplo, onde e por que os resíduos podem estar aumentando, o que nos permite gerenciá-los com mais precisão.”
Para Óscar Orellana, chefe de reciclagem e resíduos da recém-criada Autoridade Nacional de Resíduos Sólidos de El Salvador, conhecida como ANDRES, a visita abriu seus olhos para novas formas de gestão de resíduos biológicos e eletrônicos.
“Há muito a aprender com as experiências de outros países”, disse Orellan. “Queremos pegar o que aprendemos aqui e adaptá-lo às nossas próprias circunstâncias, melhorando nosso sistema de gestão de resíduos biológicos e de resíduos gerados por dispositivos de raios X.”
Moldar um quadro regulamentar
Uma lição aprendida com a visita e o workshop é a necessidade de melhorar os quadros regulamentares que regem a gestão de resíduos médicos nos países das Caraíbas, especialmente para nações insulares como as Bahamas e a Jamaica, que são geograficamente limitadas e já enfrentam desafios de gestão de resíduos sólidos.
“Descobrimos que a maioria dos países aqui estão à frente em termos de legislação. Portanto, precisamos trabalhar de forma mais rápida e eficiente em termos de desenvolvimento de nossas políticas, diretrizes e padrões”, explicou Jennifer Savariau, diretora de Gestão de Resíduos Médicos da Jamaica.
Os participantes realizaram análises provisórias que destacam estratégias, recursos, competências ou tecnologias em falta, necessárias para alcançar metas sustentáveis. Além disso, ao compreender essas lacunas, a OPAS pode desenvolver planos de ação direcionados para melhorar a assistência técnica e a forma como os fundos dos doadores serão gastos no futuro. Os 13 países participantes do programa incluem Bahamas, Belize, Bolívia, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, Jamaica, Paraguai e Peru.