A música que surpreendentemente me trouxe de volta à vida

A música que surpreendentemente me trouxe de volta à vida

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“A música era meu refúgio. Eu poderia rastejar para o espaço entre as notas e curvar as costas para a solidão.” ~Maya Angelou

Eu costumava acreditar que a cura e a transformação pessoal exigiam muito esforço – escrever página após página em um diário ou acordar de madrugada para realizar uma rotina matinal, para citar alguns.

Quando passei por uma fase de dormência – ou túnel de escuridão, como agora o chamo – foi assustador e parecia não haver fim à vista. Mas uma música me encontrou no momento certo e mudou tudo.

Em menos de cinco minutos, consegui o que todas as ferramentas e conhecimentos que eu tinha não conseguiram: fez-me sentir algo.

Aquele momento me lembrou que a cura e o avanço nem sempre precisam de rituais ou palavras – às vezes, basta o som certo na hora certa.

Antes daquele momento de despertar, minha vida parecia um loop. Dia após dia, tudo era igual. Meu ser estava mudo – nada ressoava e eu caminhava pela vida oca, plana e descomprometida.
Cada dia parecia o anterior. Eu estava desconectado, mas desejando sentir alguma coisa. Eu coloquei pressão sobre mim mesmo para consertar o que quer que fosse. E quando não funcionou, eu empurrei cada vez mais.

Tentei todas as coisas que aprendi ao longo dos anos: respiração profunda, meditação que apenas amplificava o ruído em minha cabeça, registrar um diário até minha mão doer, acender velas de sal e, ainda assim, não conseguia me conectar comigo mesmo.

Havia apenas quietude, mas não parecia pacífico. Parecia estranho e desorientador – uma espécie de estagnação. Uma sensação de ser que me retratava não mais como uma pessoa, mas apenas como um corpo se movendo em movimentos.

No entanto, nada mudou. Nenhum conhecimento que eu tinha fez diferença. O túnel pareceu desabar sobre mim, deixando-me com a sensação de que não era nada – como se nunca mais fosse chegar a lugar nenhum.

Então, um dia, apertei o play em “Wild Flower” do RM do BTS. Não me lembro exatamente como o encontrei, mas lembro-me de estar sozinho, apenas tentando desestressar.

Foi um daqueles momentos em que você clica em algo sem realmente saber por quê – apenas um empurrãozinho interior e silencioso. O BTS entrou na minha vida alguns meses antes e eu estava mais atraído pelo RM. Naquele dia, algo em mim – a parte que ainda carregava esperança – me pediu para clicar nessa música, nesse vídeo. E em segundos, tudo mudou.

Em um instante, meu corpo parou e percebeu. Desde a abertura que me atingiu como um fogo de artifício até as primeiras notas e palavras faladas (em coreano, que não entendi), senti algo novamente. Eu não pude acreditar.

Passei do entorpecimento – do nada – para arrepios, lágrimas escorrendo pelo meu rosto e tensão deixando meu corpo.

A emoção na voz de RM, o refrão cantado por Youjeen e o som da música em si – foi o lembrete que eu precisava de que ainda estava vivo. Ainda aqui.

Essa música se tornou o catalisador para eu me abrir, sentir novamente e perceber que havia uma saída – um caminho de volta para mim mesmo.

No começo não entendi a letra e nem tentei, porque não importava. O que importava era a crueza na entrega, sua voz cheia de emoção que qualquer um poderia entender. A saudade, a dor, a liberação – tudo isso foi suficiente.

Mais tarde, quando procurei as palavras, isso apenas aprofundou o significado. Frases como “Quando seu próprio coração subestima você” e “Com base em meus próprios pés” pareciam mensagens diretas para minha alma. Como se alguém finalmente me visse – não por quem eu estava fingindo ser, mas por quem eu era sob todo o esforço.

Naquele momento, percebi que não precisava fazer mais. Tratava-se de me abrir um pouco mais e receber o que essa música estava me proporcionando.

Não precisei fazer um diário, mergulhar mais fundo no desenvolvimento pessoal, me consertar ou me apressar. Aquele momento me lembrou: bastava estar com a música.

Embora o diário me dê uma visão de mim mesmo e da minha vida, a música me dá a emoção que preciso sentir para começar a me curar.

E então uma pergunta silenciosa surgiu em mim: “E se a cura não precisar ser conquistada ou lutada?”

E se não precisarmos trabalhar constantemente em nós mesmos para ficarmos bem? E se algumas partes da cura consistirem, na verdade, em parar, suavizar e deixar que algo maior nos segure, mesmo que apenas por um momento?

Aquela música se tornou aquele momento para mim. Abriu alguma coisa. E quando isso aconteceu, eu não desmoronei. Comecei a ganhar vida novamente, lentamente, silenciosamente, mas com segurança.

Ainda adoro escrever um diário – é uma parte constante da minha vida – mas agora sei que a cura pode começar no silêncio, no som e na entrega.

Desde então, tive muitos outros momentos em que a música se tornou o remédio que eu não sabia que precisava.

Às vezes é um suave ruído branco – um fogo crepitante misturado com chuva. Outras vezes, é uma batida que me faz mexer, chorar ou cantar.

Mas “Wild Flower” foi o começo, a música que me lembrou que o sentimento é possível novamente. Essa dormência não é permanente. E que às vezes não precisamos procurar as palavras certas. Só precisamos ouvir.

Eu encorajo você a perceber quais músicas encontram você e como elas fazem você se sentir. Porque talvez hoje a sua cura comece com a escuta.



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