A timidez invisível da prisão aumenta e o que me ajudou a andar livre

A timidez invisível da prisão aumenta e o que me ajudou a andar livre

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“A vida encolhe ou se expande em proporção à coragem de alguém.” ~Anaïs Nin

Quando penso na minha vida, a timidez parece uma prisão interior que carreguei comigo durante anos. Não uma prisão com grades e guardas, mas um tipo mais silencioso – feito de hesitação, medo e silêncio. Isso me manteve parado enquanto a vida avançava ao meu redor.

Uma lembrança permanece comigo: meu baile da oitava série. A academia estava cheia de música, as crianças se movimentavam desajeitadamente, mas livremente, no chão, rindo, esbarrando umas nas outras, se divertindo. E lá estava eu ​​no canto, pisando figurativamente em copos de papel.

É assim que me lembro – como se estivesse esmagando papelão em vez de entrar na vida. Posso até sorrir com a imagem agora, mas na época não teve graça. Notei outra garota do outro lado da sala, também sozinha. Ela era linda. Talvez ela estivesse esperando alguém se aproximar. Mas, na minha opinião, ela estava “fora de alcance”. Minha timidez me prendeu no lugar e nunca me mexi.

Não foi um desgosto dramático – apenas mais um lembrete de quantos momentos se passaram.

O padrão de chances perdidas

Aquela noite foi apenas uma entre muitas. Ao longo dos anos, perdi muito mais oportunidades do que aproveitei: as conversas que não iniciei, os convites que evitei silenciosamente, as mulheres que admirei à distância, mas nunca me aproximei.

A timidez nunca me serviu de verdade. Eu odiei, mas foi poderoso. Levei isso até minha idade adulta e, embora tenha lutado muito para afrouxá-lo, ele moldou a forma como eu vivia e me relacionava. Com o tempo eu mudei; Eu me chamaria de “reservado” agora, em vez de dolorosamente tímido. Mas a sombra ainda está lá.

Timidez como prisão

Timidez não é apenas ficar quieto. É todo um sistema de medo e autoconsciência: medo no corpo, dúvida na mente e inação no mundo. Parece segurança, mas na verdade é confinamento. Ele constrói muros entre você e as conexões que você deseja.

Passei a ver a timidez como uma espécie de “latido social”. Assim como um atleta congela repentinamente ao pensar demais no movimento mais simples, eu congelei em momentos de conexão. Eu sabia o que queria fazer, mas meu corpo não me acompanhava. E como os latidos, quanto mais eu pensava nisso, pior ficava. Mais tarde, o budismo me ajudou a ver que o caminho não era me forçar mais, mas sim afrouxar meu controle – abandonar o autojulgamento e entrar em presença.

Zorba e a escolha de dizer sim

Ao olhar para trás, sei que nem todas as oportunidades perdidas teriam sido boas para mim. Às vezes, a atração da conquista tinha mais a ver com o ego do que com a conexão verdadeira, e dizer não me poupava de erros.

Mas há outro tipo de momento que ainda dói. Em Zorba, o GregoKazantzakis faz Zorba dizer, “O pior pecado que um homem pode cometer é rejeitar uma mulher que está acenando.”

A questão não é sobre conquista – é sobre apego. Se você disser sim quando a vida acenar, você poderá ir embora mais tarde, sem se perguntar para sempre. Você viveu isso e está completo. Mas se você se afastar, carregará o fantasma do que poderia ter sido. Esse fantasma se apega a você.

Conheço bem esse fantasma: a dor do silêncio, a lembrança de ir embora quando poderia ter dado um passo à frente. Esses são os arrependimentos que permanecem.

Uma lente budista sobre a timidez

O budismo me ajudou a compreender esta prisão de uma nova maneira. O Buda ensinou que o sofrimento não surge da vida em si, mas de como nos apegamos a ela. Minha timidez foi costurada com desejo, aversão e ilusão.

As paredes da minha prisão pareciam sólidas, mas não eram. Eles eram apenas hábitos de pensamento.

O Budismo também ensina origem dependente: tudo surge de causas e condições. Minha timidez não era minha identidade. Foi o produto do temperamento, da educação, da cultura e da adolescência. Se surgisse de condições, também poderia desaparecer à medida que as condições mudassem. Nunca fui “eu” – apenas um padrão que carreguei.

E no centro de tudo estava o apego à autoimagem. Tive medo de ser julgado, de parecer tolo, de falhar. Mas a meditação me ensinou que o “eu” que eu defendia nunca foi sólido. Os pensamentos passam, os sentimentos mudam, a identidade muda. Quando não há um eu fixo para proteger, o medo perde o controle.

Arrependimento sem apego

As lembranças da timidez ainda surgem de vez em quando. Eles não são mais paralisantes – eu não moro trancado naquela cela – mas quando eles sobem, eles picam. Eles me fazem sentir um tolo, como um prisioneiro se sentiria ao relembrar anos desperdiçados, repetindo escolhas que não podem ser desfeitas.

O que tento fazer agora é não me apegar a eles. Posso vê-los como realmente são: arrependimentos moderadamente não resolvidos. Eles provavelmente sempre piscarão na minha memória. Mas em vez de tratá-los como fracassos permanentes, deixei-os passar. Eles me lembram que sou humano, que uma vez hesitei quando desejei agir e que não preciso fazer a mesma escolha agora.

O arrependimento, aprendi, também pode ser um professor. Me mostra o que mais valorizo: presença, intimidade, conexão. Isso me lembra de não continuar vivendo atrás de muros de hesitação.

O Budismo ensina que a memória – seja ela doce ou dolorosa – é algo a que a mente se apega. Mas a porta da prisão sempre esteve destrancada. A liberdade surge quando paramos de andar na cela e entramos no presente.

Dizendo sim

Uma lembrança de uma época posterior da vida se destaca. Eu tinha vinte e poucos anos, ainda era tímido, mas tentava superar isso. Alguém que eu admirava me convidou para participar de um pequeno grupo que saía depois da aula. Tudo em mim queria recuar, dizer não. Mas daquela vez eu disse que sim.

Não foi um grande romance ou evento de mudança de vida. Apenas tomamos café, conversamos, rimos um pouco. Mas o que importava era que eu tinha dado um passo à frente. Pela primeira vez, eu não fiquei assombrado por e se. Saí mais leve, sem me agarrar. Esse pequeno sim me deu um vislumbre de liberdade.

Ainda não estou extrovertido. Mas não sou mais o garoto do canto, batendo nas xícaras enquanto todo mundo dança. Posso dar um passo à frente, mesmo quando minha voz treme. Posso arriscar a conexão sem presumir que os outros estão fora de alcance.

A timidez ainda pode sussurrar em meu ouvido, mas já não tem mais as chaves.

O que eu aprendi

  • A timidez era minha prisão interior, mas as grades eram feitas de pensamento, não de pedra.
  • Nem todas as conquistas teriam me servido – mas afastar-me da verdadeira abertura gera o maior arrependimento.
  • O arrependimento é doloroso, mas pode nos ensinar o que é mais importante.
  • Memórias de chances perdidas ainda vêm à tona, mas não preciso me apegar a elas.
  • A liberdade não vem de reescrever o passado, mas de escolher diferentemente agora.

Ainda carrego a lembrança daquele baile da oitava série, da garota do outro lado da sala, o eco de outras chances perdidas. Mas não me apego mais a eles. Eles me lembram que a presença é sempre possível – porque a liberdade não é encontrada no “e se”.

É encontrada em dizer sim quando a vida acena e em sair da prisão da hesitação, aqui e agora.

Para qualquer pessoa que esteja lendo isso e que já tenha ficado em um canto da própria vida: a prisão que você sente ao seu redor nunca foi trancada. Você pode dar um passo à frente, ainda que desajeitadamente, e encontrar a liberdade no momento presente.



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