Associação alerta sobre falta de remédios para epilepsia – 15/04/2025 – Equilíbrio e Saúde

A imagem mostra o interior de uma farmácia, com prateleiras cheias de caixas de medicamentos de várias cores. Um farmacêutico, vestido com um jaleco branco, está atendendo uma cliente que está de costas, usando uma blusa azul com estampas florais. O ambiente é bem iluminado e organizado, com produtos dispostos de forma acessível.

A ABE (Associação Brasileira de Epilepsia) emitiu uma nota denunciando o desabastecimento de medicamentos utilizados no tratamento da epilepsia no Brasil, o clobazam (Frisium e Urbanil) e o fenobarbital (Gardenal).

Segundo a ABE, os fármacos estão em falta desde o último ano, mas o problema foi agravado em 2025. A causa da indisponibilidade, de acordo com a associação, está relacionada a uma transferência da produção até então comandada pela farmacêutica Sanofi para outra empresa.

Vice-presidente da associação e membro da LBE (Liga Brasileira de Epilepsia), Lécio Figueira diz que o desabastecimento começou no fim de outubro e o principal problema está relacionado, principalmente, ao clobazam. “Recebemos muitos depoimentos de pessoas desesperadas com a falta porque não há um substituto equivalente”, completa.

A ABE diz que a associação chegou a conversar com a Sanofi para prazos de regularização do abastecimento dos medicamentos, mas não tiveram sucesso no prazo estabelecido, de acordo com eles, que era até fevereiro.

O Frisium e o Urbanil são tratamentos importantes, principalmente, para pacientes mais graves, segundo a Figueira. “Basta uma dose sem o remédio para ter crise. Se o tratamento é interrompido brutamente também acontecem crises até mais fortes, colocando a vida dos pacientes em risco”, completa o vice-presidente da associação.

Em outubro do último ano, a ABE fez uma carta aberta para tentar normalizar o abastecimento dos medicamentos. Desde o período, reuniões com as empresas envolvidas também foram convocadas para tentar reformular um plano de abastecimento efetivo.

“Uma empresa que resolveu parar de produzir, vendeu para outra e não tinha um preparo para isso, o que infelizmente é recorrente e causa desabastecimento dos produtos”, segundo Figueira.

A associação afirmou ainda que por conta do desabastecimento, ingressou no último dia 11 com uma ação judicial junto ao Ministério Público solicitando a intervenção do governo para reabastecimento dos medicamentos.

Procurada pela Folha, a Sanofi informou que os medicamentos Frisium, Urbanil e Gardenal tiveram seus registros transferidos para a companhia Pharlab em fevereiro de 2025, com operações comerciais conduzidas pela empresa M8 (Moksha8).

“Como há uma atualização de embalagem em andamento, as caixas dos produtos ainda exibem a logomarca da Sanofi, mas desde fevereiro, tanto o registro de desabastecimento quanto as definições relacionadas à comercialização dos medicamentos são de responsabilidade da nova empresa detentora dos registros dos medicamentos”, diz o comunicado.

A Pharlab informou que desde de 9 de fevereiro deste ano a Moksha8 passou a ser responsável pela comercialização do produto no Brasil e que o processo de transferência de titularidade não tem relação com o desabastecimento do produto no mercado.

A farmacêutica afirmou ainda que a comercialização dos produtos foi retomada em março deste ano e que os produtos continuam sendo fabricados no Brasil.

Em nota, a Anvisa informou não possuir instrumento legal que impeça os laboratórios farmacêuticos de retirarem seus medicamentos do mercado. No entanto, desde 2014 as empresas devem comunicar a descontinuação definitiva ou temporária de fabricação ou importação de medicamentos com pelo menos 180 dias de antecedência, assegurando o fornecimento normal do produto durante esse período.

Em casos de descontinuação não programada por alguma imprevisibilidade, a Anvisa diz que a comunicação à agência deve ocorrer no prazo máximo de 72 horas. O desrespeito à norma sujeita os infratores às penalidades.

A Anvisa ainda informou que a notificação mais recente de descontinuidade de clobazam e de fenobarbital é de setembro de 2024, ambos feitos pelo fabricante Sanofi Medley. “Trata-se de uma descontinuidade temporária de acordo com o fabricante”, diz o comunicado.

Segundo a agência, no Brasil ainda existem outros fabricantes com registro válido do medicamento.

O Ministério da Saúde informou que informações sobre compra, abastecimento e distribuição dos medicamentos são de responsabilidade dos estados e municípios brasileiros.



Folha SP

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