Washington, DC, 31 de outubro de 2025 (OPAS) – Os casos de sífilis em adultos aumentaram 26% entre 2020 e 2022 nas Américas – chegando a 3,4 milhões – e outros 10% entre 2022 e 2024, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
Para inverter esta tendência, a OPAS publicou um conjunto de 15 recomendações principais destinadas a eliminar a sífilis e a sífilis congénita – infecções evitáveis e curáveis que afectam desproporcionalmente mulheres grávidas, recém-nascidos e populações vulneráveis.
O acordo decorre de uma reunião regional realizada em julho de 2025 em São Paulo, Brasil, que reuniu representantes de 23 países das Américas, incluindo ministérios da saúde, instituições acadêmicas, organizações da sociedade civil e agências de saúde pública. Os participantes concordaram que a região enfrenta uma tendência preocupante que exige uma resposta colectiva centrada nos cuidados de saúde primários.
“Um dos principais fatores por trás desse aumento é a lacuna no acesso aos serviços de prevenção, triagem e tratamento da sífilis”, disse o Dr. Jarbas Barbosa, Diretor da OPAS. “Enfrentar este desafio requer uma vigilância mais forte, diagnóstico e tratamento oportunos e a integração do rastreio da sífilis em todos os níveis do sistema de saúde – especialmente nos cuidados primários, nos serviços de emergência e nos serviços de saúde sexual e reprodutiva”, acrescentou.
O documento descreve 15 recomendações estratégicas para reforçar a liderança política e financeira, expandir o acesso ao diagnóstico e tratamento, melhorar os sistemas de vigilância e promover o envolvimento da comunidade. Apela também a políticas inclusivas, a cuidados pré-natais mais fortes, a funções alargadas dos profissionais de saúde na gestão da sífilis, a um melhor controlo da qualidade laboratorial e a um melhor acesso a serviços de saúde confidenciais e respeitosos.
Como seguimento a este acordo, esta semana, a OPAS convocou um seminário virtual centrado nos compromissos políticos e na liderança nacional para acelerar a resposta à sífilis e à sífilis congénita. O evento reuniu especialistas, parceiros e autoridades de saúde da Argentina, Brasil, Colômbia, El Salvador, Jamaica e Paraguai, que compartilharam suas experiências em inovação e estratégias para fortalecer capacidades técnicas e avançar nas metas regionais para eliminar a transmissão vertical.
A sífilis é uma infecção bacteriana sexualmente transmissível que pode ser evitada e curada. Se não for tratada, pode causar sérios problemas de saúde, incluindo doenças neurológicas e cardiovasculares. Também pode ser transmitido durante a gravidez, levando a complicações graves, como aborto espontâneo, parto prematuro, natimorto ou anomalias congênitas.
A OPAS trabalha com países das Américas para melhorar a vigilância da sífilis e fortalecer a capacidade do pessoal de saúde nos serviços de cuidados pré-natais. Através do seu Fundo Estratégico, a Organização ajuda os Estados-Membros a adquirir testes de diagnóstico rápido e medicamentos a custos mais baixos, contribuindo para a prevenção da transmissão e complicações relacionadas. Tanto a sífilis como a sífilis congénita fazem parte da Iniciativa de Eliminação de Doenças da OPAS, que visa acabar com mais de 30 doenças transmissíveis e condições relacionadas até 2030.