Paho pede vacinação e vigilância fortalecidas em meio à disseminação de coqueluche -pertussis resistentes a antibióticos nas Américas – Paho/que

Paho pede vacinação e vigilância fortalecidas em meio à disseminação de coqueluche -pertussis resistentes a antibióticos nas Américas - Paho/que

WASHINGTON, DC, 26 de agosto de 2025 (PAHO)-À luz do ressurgimento de coqueluche em vários países da região e o surgimento e disseminação de cepas resistentes a antibióticos, a Organização Pan-Americana de Saúde (PAHO) reiterou a importância do fortalecimento dos sistemas de vacinação e vigilância. A preocupação foi compartilhada durante uma reunião recente com a rede latino -americana e do Caribe para vigilância de resistência antimicrobiana (Rellavra+), onde foram discutidas as últimas descobertas e estratégias de resposta a essa doença altamente contagiosa.

“A vacinação, a vigilância e o uso responsável de antibióticos são críticos para impedir que a pertussis se torne uma séria ameaça à saúde pública novamente”, disse Pilar Ramón-Pardo, chefe do programa especial de Paho sobre resistência antimicrobiana. “Ainda temos tempo para conter esse problema, mas devemos agir agora: aumentar a cobertura da vacinação, fortalecer a detecção precoce e aprimorar nossa capacidade de resposta a surtos”, acrescentou.

Um dos principais desafios é que o tratamento padrão se baseia em antibióticos macrolídicos, como azitromicina, claritromicina e eritromicina. No entanto, mutações genéticas em Bordetella pertussis, particularmente no gene 23S rRNA, estão reduzindo a eficácia desses medicamentos, complicando o tratamento para pacientes e a prevenção entre contatos próximos.

Durante a pandemia covid-19, o uso generalizado e inadequado de antibióticos como a azitromicina pode ter contribuído para o surgimento de cepas resistentes. Desde 2024, os casos foram relatados no Brasil, México, Peru e Estados Unidos, detectados graças à vigilância fortalecida e sistemas de diagnóstico, incluindo testes moleculares e métodos padronizados em laboratórios de referência. Esses avanços, apoiados por parcerias internacionais, têm sido essenciais para identificar e conter esses casos.

Dado o uso generalizado desses antibióticos e a alta mobilidade internacional, existe um risco de disseminação mais ampla se as respostas à saúde não forem reforçadas.

A resistência antimicrobiana (AMR) ocorre quando as bactérias desenvolvem mecanismos para fugir dos efeitos dos medicamentos, tornando -os ineficazes. No caso de coqueluche, isso pode limitar as opções de tratamento, impedir o controle do surto e aumentar o risco de complicações graves, particularmente em áreas com baixa cobertura de vacinação.

Cobertura de vacinação em declínio

A coqueluche, também conhecida como tosse convulsa, pode ser evitada com três doses da vacina DPT em crianças com menos de um ano de idade, com impulsionadores durante a infância e adolescência. No entanto, em indivíduos infectados – especialmente bebês – isso pode levar a doenças graves, com riscos de complicações ou até morte.

A doença ressurgiu nas Américas. Enquanto 4.139 casos foram relatados em 2023, o número subiu para 43.751 em 2024. Nos primeiros sete meses de 2025, nove países relataram mais de 18.595 casos e 128 mortes. O ressurgimento está ligado à declínio das taxas de vacinação e ressalta a necessidade de vigilância padronizada e fortalecida.

Durante a cobertura regional da pandemia, das doses da primeira (DTP1) e a terceira (DTP3) da vacina caíram para baixos históricos de 87% e 81% em 2021, respectivamente. Até 2023, foi observada uma recuperação parcial (90% e 88%), mas essas taxas permanecem abaixo dos 95% recomendados pela PAHO, com disparidades significativas nos países. Além da vacinação infantil, o PAHO recomenda a vacinação de mulheres grávidas – especialmente durante surtos – e os profissionais de saúde em contato com os recém -nascidos.

Os laboratórios fortalecem a vigilância

O fortalecimento dos laboratórios de referência nacional com métodos de diagnóstico confiável e padronizado é essencial para a detecção oportuna de resistência e orientação das respostas das autoridades de saúde. Iniciativas colaborativas como a rede de Relavra+ da Paho e as redes regionais de vigilância genômica de Paho (Pahogen), juntamente com outras parcerias estratégicas, permitiram metodologias padronizadas e capacidade de vigilância expandida em vários países da região.

Como parte de sua cooperação técnica, a PAHO organizou um seminário de rede de Relavra+ Virtual em 19 de agosto, reunindo laboratórios nacionais de referência e especialistas em microbiologia da região. Durante o evento, especialistas do Brasil, Colômbia, México e Peru compartilharam descobertas recentes, metodologias para detectar cepas resistentes e estratégias de vigilância e resposta.

Dado esse cenário, a PAHO exorta os países a reforçar sua capacidade de diagnóstico, aprimorar o treinamento técnico para o pessoal de saúde, manter ou aumentar a cobertura da vacinação e estabelecer sistemas ativos de vigilância padronizados para permitir uma resposta rápida e eficaz à resistência antimicrobiana.



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