Quase qualquer atividade é melhor com amigos, diz pesquisa – 20/10/2025 – Equilíbrio

Amigos jovens ao entardecer

Interações sociais são essenciais para nosso bem-estar e felicidade, mostram pesquisas. E agora um amplo estudo apoia essa descoberta e sugere que existem muitas maneiras de incluir mais companheirismo —e felicidade —em nossas vidas ocupadas.

O estudo descobre que, em mais de 80 tipos diferentes de atividades, as pessoas relatam ser mais felizes fazendo quase qualquer coisa com outras pessoas do que fazendo sozinhas.

As atividades variam das mundanas —abastecer o carro, fazer lição de casa, deslocar-se para o trabalho, fazer compras no mercado— até aquelas que podem não parecer inerentemente sociais, como ler, fazer reparos no carro ou administrar finanças.

“O que vemos é que os participantes consistentemente avaliam cada atividade diária comum como mais agradável quando eles interagem com alguém”, diz Elizabeth Dunn, professora de psicologia na Universidade da Colúmbia Britânica e autora sênior do estudo, publicado em agosto na revista Social Psychological and Personality Science.

Até pesquisadores que estudam os efeitos positivos das interações sociais não esperam que os efeitos sejam tão generalizados.

“Eu ainda me surpreendo com a magnitude e a extremidade dos efeitos”, diz Nicholas Epley, professor de ciência comportamental na Universidade de Chicago que pesquisa como nós frequentemente subestimamos o impacto da socialização e não participa do estudo.

Um aumento de felicidade quase universal

Os pesquisadores aproveitam um conjunto de dados rico da Pesquisa Americana de Uso do Tempo, conduzida pelo Census Bureau, que pergunta aos participantes como eles passaram o dia anterior. No total, eles analisam como mais de 40 mil participantes se sentem —e se eles interagem com outros — durante mais de 100 mil ocasiões em que eles estão fazendo várias atividades.

Os dados, coletados em 2010, 2012, 2013 e 2021, variam em quais atividades são associadas com o maior aumento de felicidade quando conduzidas com outros. Mas ainda é impressionante como o efeito geral se mantém mesmo através desses períodos de tempo muito diferentes, diz Dunn.

Toda atividade é significativamente mais agradável com outros do que sozinho em pelo menos um dos anos. A única exceção é em 2021, quando socializar enquanto faz limpeza de cozinha e comida tem uma associação negativa com a felicidade em comparação com quando feito sozinho.

As atividades que fazemos mais frequentemente com outros parecem ser associadas com os maiores benefícios, como comer ou beber, caminhar, correr e jogar.

Mas os benefícios também se aplicam às atividades que os participantes fazem com mais frequência sozinhos, como ler, artes e artesanatos, e deslocar-se para o trabalho.

“Isso é surpreendente para a maioria das pessoas, e continua a somar a este corpo de trabalho sobre como a interação social é surpreendentemente positiva”, diz Epley.

No entanto, os pesquisadores notam que estes são dados descritivos, não causais: podem existir muitas outras razões para a diferença nos níveis de felicidade. Ler sozinho em casa pode parecer muito diferente de ler com outros em um clube do livro, por exemplo.

No estudo, as interações sociais não precisam ser presenciais e podem incluir uma ligação telefônica, embora a pesquisa não peça aos participantes para especificar.

Mas outras pesquisas mostram que interações presenciais são “claramente as melhores no geral em termos de humor e sentimentos de conexão”, diz Dunn. Mas se não pode ser presencial, ter algum elemento de voz parece ser importante, ela diz.

O estudo não tem dados de personalidade, portanto, não pode dizer se introvertidos e extrovertidos se beneficiam de interações sociais, mas outras pesquisas mostram que ambos os grupos se beneficiam.

Embora interações sociais significativas sejam ótimas para melhorar nosso bem-estar, o contexto no qual elas acontecem é importante, diz Mahnaz Roshanaei, pesquisadora do departamento de comunicação da Universidade de Stanford, que não participa do estudo.

Como ser mais social

Mesmo que a socialização seja uma maneira bem conhecida de aumentar nossa felicidade, nós nem sempre a procuramos.

Isso é em parte por causa da “subsocialidade”, onde nós subestimamos a probabilidade de outros responderem positivamente aos nossos convites para conexão.

“Você só aprende com as experiências que você tem e não com as experiências que você não tem”, diz Epley. Nós não sabemos o que perdemos por não interagir com alguém, ele diz.

Aqui estão algumas sugestões de especialistas:

Reserve tempo em sua agenda

Se você tem uma vida ocupada, “a socialização pode se tornar um problema de coordenação”, então reservar tempo em sua agenda é “incrivelmente útil”, diz Dunn.

Dunn bloqueia tempo para trabalhar em uma cafeteria com quatro amigas próximas. “É como uma brincadeira paralela, como crianças pequenas fazem, no sentido de que cada uma está fazendo sua própria coisa”, ela diz, mas ainda permite alguma socialização.

Ela e seu marido também estendem um convite aberto para seus pais para comer sushi para viagem toda sexta-feira para facilitar os encontros. “Isso exige um pouquinho de planejamento extra, mas eu acho que nossos dados e minha experiência definitivamente apontam para o valor de tomar esse momento extra para configurar essas oportunidades de interação social”, diz Dunn.

Transforme o entediante e mundano em algo mais

Ponha a conversa em dia com um amigo, seja por telefone ou pessoalmente, enquanto faz atividades mundanas como fazer tarefas e limpar, e outras obrigações, sugere a pesquisa. Deslocar-se para o trabalho pode ser uma atividade perfeita para drenar a felicidade que pode ser melhorada com companhia.

“Eu argumento que encontrar maneiras de se deslocar com outras pessoas é uma ideia muito boa porque esse é o momento do nosso dia em que normalmente passamos sozinhos” e é bastante infeliz, diz Dunn.

Procure oportunidades para se conectar

Está há muito tempo estabelecido na pesquisa de bem-estar que “a felicidade é melhor prevista pela frequência de experiências positivas do que pela intensidade delas”, diz Epley. “Ter uma boa vida é sobre unir tantas dessas atividades positivas quanto pudermos. Então isso se torna um hábito”, ele diz.

Epley faz questão de falar com as pessoas quando está abastecendo o carro e vê isso como uma oportunidade de transformar um momento que de outra forma seria isolante em um de conexão social.

Esta pesquisa mostra “que você deve aproveitar essas oportunidades em todo lugar onde puder encontrá-las”, ele diz.



Folha SP

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