Uruguai avança em direção à odontologia livre de mercúrio – OPAS/OMS

trabalhador transportando produtos perigosos

A primeira pesquisa nacional sobre resíduos de amálgama confirma a transformação do setor e fornece diretrizes para a gestão segura do mercúrio, como parte de uma iniciativa piloto da OMS/OPAS, do PNUMA e do GEF

Montevideo, 17 December 2025 (PAHO) — Com o apoio da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), o Uruguai fortaleceu suas capacidades técnicas, ambientais e de comunicação para eliminar o uso de amálgama dentária, material que contém aproximadamente 50% de mercúrio – um contaminante ambiental que representa um risco para os trabalhadores que o manuseiam.

O Uruguai está envolvido em um processo sustentado para reduzir o uso de amálgama há mais de 15 anos. Em 2013, as universidades com programas de odontologia eliminaram o ensino prático e a aplicação clínica do amálgama dentário. Em 2018, o Ministério da Saúde Pública retirou o uso desse material dos serviços de saúde bucal abrangidos pelo Plano Integral de Saúde. Desde 2020, nenhuma importação de amálgama de mercúrio para uso em odontologia entrou no país, um marco que fortalece a transição para materiais alternativos mais seguros para os trabalhadores e o meio ambiente.

Em reconhecimento destas conquistas, o Uruguai foi selecionado – juntamente com o Senegal e a Tailândia – como país piloto para o Redução gradual do projeto de amálgama dentaluma iniciativa criada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF).

O projeto foi concluído em novembro de 2025 e os resultados mostram que o Uruguai passou por uma profunda transformação. Como parte do projeto, o Uruguai realizou o seu primeiro levantamento nacional de resíduos de amálgama e identificou 53 quilogramas de resíduos contendo mercúrio, distribuídos por 35 pontos de recolha em 12 departamentos. Mais de 90% desses resíduos estavam concentrados em Montevidéu.

O Uruguai também testemunhou uma mudança geracional completa na profissão: 100% dos dentistas formados desde 2013 nunca usaram amálgama.

“Durante muitos anos, o mercúrio foi utilizado em amálgamas dentárias. Para restaurações existem materiais melhores, como resinas compostas ou cimentos de ionômero de vidro, e cumprem as mesmas funções”, explicou Agustín Cataldo, dentista e coordenador do Programa de Saúde Bucal do Ministério de Saúde Pública do Uruguai.

O projeto baseia-se na adoção da Convenção de Minamata pelas Nações Unidas, um instrumento juridicamente vinculativo que entrou em vigor em 2017 e visa proteger a saúde humana e o ambiente das emissões antropogénicas e da libertação de mercúrio.

“Como o Uruguai é o único país piloto na Região das Américas, este projeto é de grande relevância para a OPAS e essas ações contribuirão para fortalecer as capacidades técnicas e de comunicação no campo da odontologia”, disse Caroline Chang, representante da OPAS/OMS no Uruguai.

rótulo

O projeto foi implementado durante dois anos pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo Ministério da Saúde Pública, por meio da OMS/OPAS, em parceria com diversas organizações governamentais, acadêmicas e da sociedade civil.

Componentes principais:

  • Redução: Reduza gradualmente o uso de amálgama dental.
  • Gerenciamento: Gestão ambiental de resíduos de mercúrio de amálgama.
  • Disseminação: Promover a partilha global de conhecimentos e o acesso à informação.

O projeto incluiu materiais educativos e oficinas destinadas aos 4.000 dentistas uruguaios em todo o país. “A ideia é informar sem causar alarme”, disse Mónica Méndez, consultora da OPAS. “E essa tarefa foi realizada por profissionais da odontologia que conseguem chegar à população de forma concisa e que podemos utilizar como ferramenta de multiplicação de conhecimento.”

O projeto coordenou a gestão de resíduos com centenas de centros de saúde e serviços odontológicos em todo o país. “Durante a coleta, é muito importante não gerar resíduos adicionais contaminados com mercúrio”, disse Judith Torres, ponto focal da Convenção de Minamata no Ministério do Meio Ambiente e membro do Comitê Diretor Nacional do Projeto.

O transporte foi realizado através de serviços licenciados e adequados para movimentação de materiais perigosos, e para tratamento e disposição final, o processo foi implementado localmente através de empresas autorizadas pelo Ministério do Meio Ambiente.

caminhão de transporte

“A experiência do Uruguai fornece ferramentas técnicas e regulatórias que serão disponibilizadas a todos os países da região comprometidos com a eliminação do mercúrio na odontologia”, lembrou Caroline Chang, representante da OPAS/OMS no Uruguai.

Em Março de 2026, a OMS/OPAS, o PNUA e o GEF agendaram um workshop que proporcionará uma plataforma para os países da região partilharem experiências, identificarem soluções práticas e reforçarem a capacidade regional para implementar as disposições da Convenção de Minamata sobre amálgama dentária e a gestão de resíduos relacionados. Entre os convidados estarão representantes dos setores ambiental e de saúde de países vizinhos como Brasil, Paraguai, Argentina e Peru. Representantes das embaixadas do Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Suriname e Venezuela sediadas em Montevidéu também estão convidados.



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