Você pode fazer uma coisa para evitar os microplásticos – 21/10/2025 – Equilíbrio e Saúde

A imagem apresenta uma composição colorida com formas variadas em um fundo verde claro. Há uma forma rosa que se assemelha a uma esponja, uma forma vermelha que lembra um coração, e uma forma azul que parece um número oito. Também estão presentes elementos como árvores, montanhas em rosa, e pequenos ursos de goma vermelhos. A disposição é lúdica e abstrata, com formas geométricas e elementos decorativos ao redor.

Se você está preocupado com microplásticos, o mundo começa a parecer um campo minado. As minúsculas partículas podem se desprender de roupas de poliéster e circular pelo ar dentro da sua casa; podem se soltar das embalagens de alimentos e contaminar sua comida para viagem.

Mas à medida que os cientistas identificam as fontes de microplásticos —e como eles entram nos corpos humanos —um fator se destaca. Os microplásticos, estudos mostram cada vez mais, são liberados pela exposição ao calor. “O calor provavelmente desempenha o papel mais crucial na geração desses micro e nanoplásticos”, disse Kazi Albab Hussain, pesquisador de pós-doutorado na Universidade de Nebraska-Lincoln.

Despeje café em um copo de isopor e pedaços do copo se infiltrarão no próprio café. Prepare chá e milhões de microplásticos vazarão do saquinho para sua xícara. Lave suas roupas de poliéster em alta temperatura e os tecidos podem começar a se decompor, enviando microplásticos para o sistema de abastecimento de água.

Em um estudo recente realizado por pesquisadores da Universidade de Birmingham, na Inglaterra, cientistas analisaram 31 bebidas diferentes à venda no mercado britânico —de sucos de frutas e refrigerantes a café e chá.

Embora todas as bebidas tivessem pelo menos uma dúzia de partículas de microplásticos em média, os números mais altos foram encontrados em bebidas quentes. O chá quente, por exemplo, tinha uma média de 60 partículas por litro, enquanto o chá gelado tinha 31 partículas. O café quente tinha 43 partículas por litro, enquanto o café gelado tinha cerca de 37.

Essas partículas, segundo Mohamed Abdallah, professor de geografia e contaminantes emergentes da universidade e um dos autores do estudo, vêm de diversas fontes – a tampa plástica de um copo de café para viagem, os pequenos pedaços de plástico que revestem um saquinho de chá. Mas quando água quente é adicionada à mistura, a taxa de liberação de microplásticos aumenta.

“O calor facilita a liberação de microplásticos dos materiais de embalagem”, disse Abdallah. O efeito foi ainda mais forte em plásticos mais antigos e degradados. Café quente preparado em uma máquina de café doméstica de oito anos com componentes plásticos tinha o dobro de microplásticos em comparação com café preparado em uma máquina com apenas seis meses de uso.

Esse estudo analisou apenas microplásticos de até dez micrômetros de tamanho —ou aproximadamente um quinto da largura de um fio de cabelo humano. Mas outras pesquisas encontraram os mesmos resultados com nanoplásticos ainda menores, definidos como partículas plásticas com menos de 1 micrômetro de diâmetro.

Cientistas da Universidade de Nebraska, incluindo Hussain, analisaram pequenos potes e recipientes plásticos usados para armazenar alimentos infantis e descobriram que os recipientes podem liberar mais de 2 bilhões de nanoplásticos por centímetro quadrado quando aquecidos no micro-ondas —significativamente mais do que quando armazenados em temperatura ambiente ou em uma geladeira.

O mesmo efeito foi demonstrado em estudos que analisam como a lavagem de roupas produz microplásticos: temperaturas mais altas de lavagem, descobriram os cientistas, levam à liberação de mais plásticos minúsculos das roupas sintéticas.

O calor, explicou Hussain, é simplesmente ruim para o plástico, especialmente o plástico usado para armazenar alimentos e bebidas. Nem todos os plásticos têm cadeias de polímeros perfeitamente formadas – em qualquer copo ou pote de plástico, pode haver defeitos, protuberâncias e saliências que, quando expostos ao calor, resultam na quebra do polímero em pedaços menores. “O calor pode realmente fazer vibrar a cadeia, levando à quebra dos polímeros”, disse Hussain.

Os cientistas ainda não conhecem os efeitos precisos para a saúde de comer e beber microplásticos. Embora as minúsculas partículas tenham sido encontradas no sangue, cérebro e pulmões, os cientistas ainda estão descobrindo como elas podem levar a doenças.

Mas já existem alguns indícios de que as partículas têm efeitos nocivos. Camundongos expostos a altas quantidades de microplásticos mostraram sinais de doença de Alzheimer e demência; microplásticos e nanoplásticos em uma artéria importante foram associados a maior risco de derrame, doenças cardíacas e morte. As partículas também podem carregar produtos químicos plásticos, que foram associados a problemas de desenvolvimento em crianças pequenas e infertilidade mais tarde na vida.

No mundo atual, eliminar completamente o plástico parece quase impossível. Mas os pesquisadores que trabalham com microplásticos dizem que manter seu plástico longe do calor é uma medida simples que pode reduzir substancialmente sua exposição.

Hussain, que tem filhos pequenos, parou de colocar qualquer coisa plástica no micro-ondas; ele também não coloca mais água quente ou chá quente em recipientes plásticos. “Tentamos evitar qualquer tipo de exposição ao calor”, disse ele.



Folha SP

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